Nem o dia chuvoso atrapalhou o entusiasmo dos 180 motonautas reunidos em Estância, no litoral sul sergipano, no início desta segunda-feira, 06. A bordo de suas motos aquáticas – ou jet skis – e trajados em coletes salva-vidas, os visitantes iniciaram sua trajetória na nona edição do Rally dos Mares. Partindo da Praia do Saco, os participantes seguiram em direção ao sul da Bahia, em um trajeto de mais de 600 quilômetros pelo mar.
Neste ano, os investimentos no rally ultrapassam os R$ 3,5 milhões, tendo se chegado ao limite do número de inscrições. O evento funciona como uma prova de resistência, na qual o objetivo é chegar ao destino final. Atletas de vinte estados brasileiros, além de Estados Unidos e França, fazem parte da edição 2023. Com passagem em pontos turísticos como Praia do Forte, Salvador, Morro de São Paulo, Barra Grande, Itacaré e Ilhéus, o evento tem sua largada sediada em Sergipe pela primeira vez.
Segundo a organização, a escolha da Praia do Saco se deve aos diversos atrativos e à hospitalidade no estado. "Este é o maior evento de jet ski do Brasil. É uma prova de longa distância, e nós escolhemos a Praia do Saco pelas excelentes belezas naturais e pelo povo acolhedor. Fomos muito bem recebidos pelo Governo de Sergipe e pelas prefeituras. E é um evento que traz impacto na economia, na geração de emprego e renda. A gente sempre procura contratar mão de obra local, com hotéis, restaurantes, postos de gasolina... E isso divulga muito o estado, porque aqui estão representados diversos estados e países", pontuou o diretor de eventos John Vinícius Nascimento.
Para as garçonetes Neidijane da Silva e Gilvandete Rodrigues dos Santos, que trabalham em um restaurante ao lado de onde foi dada a largada, o Rally dos Mares é motivo de comemoração. “Como veio muita gente de outros estados e até de outros países, acaba sendo muito bom. Essas pessoas podem comentar com parentes, amigos, e despertar o interesse para que mais gente venha para cá”, opinou Neidijane. Gilvandete, conhecida como Dete, concordou. “A Praia do Saco é mundialmente falada e muito bonita, e o evento traz turistas para cá. E está sendo muito bom esse movimento, porque a fonte de renda dos moradores aqui é o turismo”, acrescentou.
O vendedor ambulante José Antônio da Silva também comemorou a realização do evento. “A chuva acabou atrapalhando um pouco, mas, mesmo assim, está sendo bom. Com certeza o pessoal dos restaurantes e das pousadas, por exemplo, está faturando. Então, é positivo de qualquer jeito, porque movimenta a roda da economia. E o público vindo em um evento, vai querer vir em outro e mais outros para conhecer mais”, expôs Antônio, mais conhecido como Negão do Chapéu.
Para o prefeito Gilson Andrade, a chegada dos visitantes demonstra que o alinhamento entre Estado e Município traz bons frutos para toda a população. “É um evento náutico de nível internacional, que tem mobilizado toda a nossa região. Desde o início do mês, Estância tem recebido um grande público. A pousada está lotada. Por isso, agradecemos aos organizadores por terem escolhido nosso município. Agradecemos também pelo compromisso do governador Fábio Mitidieri, por estar contribuindo. A parceria das gestões estadual e municipal faz acontecer eventos grandiosos como este, que só valorizam e divulgam nossas belezas”, considerou o prefeito.
Público
O Rally dos Mares atrai os mais diferentes públicos. Entre eles, está o de quem já participou e se apaixonou pela competição. É o caso do soteropolitano Alberto Vasconcelos, motonauta há 28 anos, que chega à sua quarta edição do rally. "Foi fantástica essa ideia de sair aqui de Sergipe, da Praia do Saco. É uma praia muito linda, o estado é maravilhoso. Sair daqui agrega mais aventura à prova, com um percurso maior e mais bonito. Chegamos há uma semana e ficamos em Aracaju. Conhecemos as atrações da cidade, fizemos passeios. Vimos muitas coisas que a gente não sabia que existia. Adorei tudo o que vi, e espero que a largada seja aqui de novo no ano que vem", ressaltou.
Além de veteranos como Alberto, o rally conquista também iniciantes. A paulista Kelly Barbosa é uma delas, sendo uma das cinco mulheres a participar da edição de 2023. "Meu primeiro jet foi em 1996, mas voltei a praticar somente nos últimos quatro anos. Nesse período, criei uma verdadeira família. Espero muita alegria e superação, porque quero que cada vez mais mulheres venham. Já conhecia Sergipe, mas na parte terrestre, e estou muito feliz de estar aqui. Qualquer evento de jet ski é muito importante, principalmente para desmistificar essa coisa de que o motonauta é imprudente. Então, a gente tenta unir a todos e deixar nosso cheirinho por Sergipe, pela Bahia, por onde a gente passar", afirmou.
O evento também despertou a curiosidade da população local. O casal de estancianos Williams Antônio e Neilde Rodrigues, pais do pequeno Calebe, foi à praia especialmente para ver a largada do rally. "A gente esteve ontem aqui pra dar uma olhada, porque é uma coisa diferente. Então, tanto o pessoal aqui da Praia do Saco tem uma atração pra ver quanto o pessoal que veio participar também tem uma atração, que é conhecer nossa praia", destacou Williams. "É um prazer pra gente, porque valoriza muito o turismo. Quando teve a pandemia, aqui ficou muito parado. Então, é inexplicável ver tudo se movimentando de novo... Os bares, restaurantes, hotéis. A organização está de parabéns", resumiu Neilde.
Representatividade
Além de movimentar a economia regional e de reunir diferentes públicos, o Rally dos Mares vem abrindo espaço à representatividade. As motonautas Patrícia Theodoro e Luciana Vilar, naturais de São Paulo, são a prova disso. Pioneiras na competição, elas se tornaram as primeiras mulheres a participar do evento, presentes na edição de 2021.
“Sou motonauta desde os quatorze anos, e a navegação para nós é um lazer. Fomos as primeiras do Rally, para mostrar o lado feminino. Serão seis dias de viagem até Ilhéus. E tudo é feito por nós, o que aumenta a ansiedade. Já tinha vindo a Aracaju e conhecido alguns locais, e é ótimo voltar. Aqui é o paraíso”, afirmou Patrícia.
Luciana, que também começou sua história nos esportes náuticos por volta dos quatorze anos, partilha com Patrícia a satisfação de voltar a Sergipe. “Comecei a navegar por influência do meu pai, e sempre tive uma paixão. A vida lançou um desafio pra gente, porque era um evento totalmente masculino. Então, é ótimo participar, é um evento único. É muito legal a energia, aproveitar as equipes, navegar no Nordeste. Já conhecia Sergipe, e é sempre muito bom retornar”, completou Luciana.